Pegamos um avião em Phnom Penh e em 1:20 hs e US
177,50/ cada, chegamos em Vientiane.
Tirar o visto na chegada foi moleza (US 35 por
30 dias).
Ficamos no New Lao Paris Hotel, US 23/ noite.
O
hotel era bom, completo, mas o melhor mesmo é a localização, bem central e
próxima do Rio Mekong, acredito que a melhor região da cidade.
New Lao Paris Hotel. |
Vientiane, apesar de ser a capital e maior
cidade do Laos é pequena e relativamente calma.
O Laos é um país até que grandinho (comparando
com o Camboja) e só tem uns 6 milhões de habitantes.
Pouca gente pra bastante
espaço, nenhuma metrópole.
Dos países do sudoeste da Ásia, aqui é o mais
tranquilo para se visitar.
Existem poucas estradas boas e o transporte
rodoviário é um pouco escasso.
Por avião também são poucas opções e meio caras.
Estradas de ferro nem sei se existem no Laos mas o Rio Mekong corta quase todo
o país e barco é uma forma de transporte barata, porém extremamente lenta.
Vientiane fica na divisa com a Tailandia e mais
ou menos no meio do país.
Para o sul existem algumas poucas atrações e, por
conta das distancias nós decidimos não ir.
Então vamos ficar uns dias por aqui
na capital e depois seguir de onibus rumo norte.
Assim como o Camboja, o Laos é pouco conhecido
pela maioria das pessoas então vou contar um pouquinho de sua história (mais
recente) que infelizmente (como no Camboja) não é muito agradável.
O Laos, assim como o Vietnã e Camboja, foi
colonia francesa.
Mas os franceses quase não fizeram nada de bom ou útil por
aqui.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Japão invadiu o país e após o término
da guerra, com a saída dos japoneses e o povo não querendo mais a influencia
francesa, declararam sua independencia em 1953.
Depois de algum tempo de conflitos internos, foi criado um regime comunista,
com suporte dos chineses, soviéticos e norte- vietnamitas. Hoje em dia, apesar
de ainda manterem um regime político comunista tem uma relação comercial aberta
com muitos países mas ainda mantém-se sub desenvolvido e um dos mais pobres do
mundo.
Atualmente, vizinhos como China e Tailandia investem um pouco no Laos,
principalmente nas estradas, visando facilitar e baratear o transporte de suas
exportações.
O país segue num ritmo lento de desenvolvimento mas aos poucos tem
crescido.
Voltando um pouco na história, para a época da
Guerra do Vietnã, é aí que vem a parte triste.
Apesar de todas as dificuldades
do Laos, o país nunca entrou em uma guerra declarada e mesmo assim foi (per capita) o
mais bombardeado do mundo.
Na época da Guerra do Vietnã, os americanos,
alegando combater os vietnamitas do norte (que teoricamente estariam indo pro
Laos), fizeram uma “guerra secreta” e, sem assumir, de 1964 a 1973 promoveram mais
de 580 mil (!!!) missões de bombardeio no território do Laos, despejaram 2
milhões de toneladas de bombas.
Tudo muito parecido com o que esses mesmos
americanos fizeram na mesma época com o Camboja.
Nós estivemos aqui em Vientiane visitando o
COPE, um centro de reabilitação (www.copelaos.org) que cuida de mutilados
e acidentados.
Alí voce ve fotos, videos e num tipo de museu entende um pouco
sobre essas bombas e suas consequencias.
Simulação de uma bomba, depois de lançada, abrindo e despejando várias bombas menores, cada uma tem o tamanho de uma bola de tenis. |
Daí tira suas conclusões sobre os
poderosos americanos e seus super aviões B-52 que deram ao Laos o título de
país, per capita, mais bombardeado do mundo.
Eh de se chorar de tristeza e raiva.
Foram mais de 260 milhões de bombas lançadas e,
para piorar, perto de 30 % não explodiram quando cairam e se tornaram “objetos
militares não detonados” (UXOs) que em grande parte ainda estão espalhados pelo
solo em boa parte do país.
Naquela época as bombas ainda não eram tão
tecnológicas e eficazes e falhavam muito.
E isso, dentre outras coisas faz com
que grande parte do país não possa ser aproveitada, por exemplo, pela
agricultura.
Um grupo ingles (MAG)
começou em 1994 a retirar as bombas não detonadas (UXOs) e mais recentemente também outro grupo do
Laos, administrado pela UN (União das Nações) está trabalhando para isso, mas
até hoje só retiraram uma pequena parte e no ritmo atual estima-se que levará
mais de 100 anos para o país ser considerado seguro.
Durante aqueles nove anos os EUA lançou mais bombas no
Laos do que todas as lançadas na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
As bombas, na época em que foram lançadas, foram
responsáveis por um grande número de mortes (nem sei quantas), mas só os UXOs
(não detonadas), desde essa época já foram responsáveis por mais de 50 mil
mortes e mutilações.
Nas regiões mais afetadas, hoje em dia, esses
objetos militares fazem parte da vida do povo. Muitos destroços e peças de
guerra foram adaptados e são utilizados no dia a dia, com várias funções.
Fotografei uma foto de uma casa real, que utiliza aqueles "invólucros" das bombas como estacas de sustentação. |
O pobre povo nunca soube direito como agir e
muitos não entendem o poder desses objetos que eram (e são) achados pelo solo.
Crianças e muitos adultos também, compram uns detectores de metais baratinhos
do Vietnã (US 14,00) e ficam “caçando” bombas para venderem, pelo valor do metal.
Acham que vale a
pena correr o risco pois são pobres demais.
Eles não tem culpa.
Mas quem serão
os idiotas que compram bombas ??
Eu, particularmente, não entendo porque, os
americanos tendo bombardeado isso aqui e agora vendo a grande besteira que
fizeram, ao menos não assumem.
E venham retirar todos esses explosivos, custe o
que custar !!!
Gastaram com os bombardeios 2,2 milhões de dólares por dia
(!!!) e agora devem muito mais do que isso.
PRECISAM SE DESCULPAR COM PALAVRAS E ATOS !!
E nós turistas é claro que também não podemos andar livremente pelo país.
Em muitos locais voce não pode de jeito nenhum sair de trilhas conhecidas.
O risco é enorme.
Se voces querem entender melhor isso tudo vejam
o documentário “The Most Secret Place in the Earth”, disponível no You Tube.
E
preparem-se para ficar morrendo de raiva dos americanos.
Voltando a nossa viagem, gostei de Vientiane e a
princípio do povo daqui, parecem-me legais.
A simpatia dos dois, mostrando como se come uma fruta esquisita que a Cris achou alí debaixo de uma árvore. |
A cidade não tem grandes atrativos mas dá para ficar por alguns dias, tem uns restaurantes e bares bons, com preços razoáveis.
Música ao vivo e mesas a céu aberto, toda noite, na praça Fountaine. |
Um dos bares mais famosos, com vista para o Rio Mekong. |
Uma feirinha toda noite, perto da beira do rio Mekong.
Outro dia alugamos umas bikes (US 2) e fomos no COPE (centro de reabilitação), mais uns templos e demos uma volta pela beira do rio.
Uma das noites fomos conferir como os laonianos de classe média se divertem e curtem um boliche animado e com som alto.
Tuk-tuk do Laos, bem diferente do tailandes e do cambojano. |
Essas cestinhas de palha são para fazer comida. |
Buda gigante. |
E esse barrigudo. |
Mais um templo diferente, super colorido. E reparem no canto inferior direito ... |
... a folga do cachorro. Quase sempre, nos templos tem vários cachorros e gatos. |
Porsche Cayenne S Hybrid. Meio de transporte de um laotiano rico ... |
... e esse meio de transporte e de subsistencia de um laoniano comum. (O certo é laotiano ou laoniano ?) |
Considerada por muitos a melhor cerveja do sudoeste da Asia. |
Lua em Vientiane (zoom de 80x). |
Próximo post Vang Vieng.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRodrigão, legal a esplanação histórica. Dá até uma comoção o quanto estes países do sudeste asiático sofreram com a interferência de outros países, sendo eles totalitários ou não. Fazer o que? Um abraço. PP.
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