terça-feira, 4 de março de 2014

PHNOM PENH - CAMBOJA



Em Siem Reap pegamos um onibus vip por US 15/ cada e 7 horas de viagem até aqui.

Ficamos primeiro no Malis Guesthouse, US 13/ noite e depois como não tinham mais vaga nos mudamos pro Lucky Ro, US 12/ noite.
Os dois bem ruinzinhos (por isso nada de fotos), mas aqui hotel melhor é caro.

A cidade tem um transito bem chato e o ar é bem poluído. Muita sujeira por todo lado.
Já na avenida beira- rio tem um calçadão bem largo e vários barzinhos, alí até que era bem agradável.

Atrativos tem poucos e nós visitamos o Royal Palace, onde mora o rei, é bonito e tem jardins muito bem cuidados.




Parte do Palácio Real.




Fomos também em um templo onde tem a Silver Pagoda (Pagoda de Prata), chamada assim porque tem o chão todo forrado com mais de 5 toneladas de placas de pura prata.
E alí tem um famoso (e muito bonito) Buda de Esmeralda, que alguns dizem que na verdade é feito de jade e outros afirmam que é um cristal Baccarat.
Tem ainda um Buda de ouro maciço, incrustado com 2.086 diamantes, bem grandinho, que foi presente de alguém para o rei, pena que eram proibidas as fotos na Silver Pagoda.

Num outro dia fomos ao “mórbido passeio” nos Killing Fields, campos de extermínio.
Lá voce recebe um aparelho de áudio e vai seguindo um caminho demarcado enquanto ouve a história trágica da época de matança do Khmer Rouge (já falo sobre eles).
Vai ver valas comuns, ainda com os ossos, roupas dos assassinados, árvore onde batiam as cabeças dos bebes para matá-los, etc..

Depois de visitar um lugar como esse fico me perguntando : 
- Vale a pena ir conhecer ao vivo algo tão horrível ? Um lugar onde milhares foram assassinados há tão pouco tempo atrás (os ossos ainda estão lá) ?

Não sei a resposta certa.

Mas acho que pode valer a pena se depois de ver tudo aquilo “caímos na real” e revendo nossos conceitos talvez daremos valor a aquilo que realmente mereça.

Por outro lado acho que voce não precisa ver aquilo, pode procurar saber das atrocidades e, mesmo sem ver nada, refletir e tirar suas conclusões.

Mas indo lá não tem como disfarçar é um “tapa na cara”, fortíssimo, e é impossível que depois disso voce não mude alguns conceitos.




Eu poderia ter tirado inúmeras fotos impressionantes sobre tudo que aconteceu nesse Campo de Extermínio, mas em respeito aos mortos não me senti a vontade em fazer isso e só tirei essa. (trad. Voce poderia gentilmente demonstrar seu respeito aos vários milhões de pessoas que foram mortas pelo regime genocida de Pol Pot)



Agora vou contar um pouquinho da história do Camboja.

Eu até pensei em não falar nada e fazer um post mais agradável, mas vou contar a verdade.

No post anterior falei sobre o Império Khmer que dominava tudo isso aqui até o século 14.

Com o fim do Império, os países foram cada um tomando seu rumo e o Camboja sendo, seguidamente, ocupado por tailandeses e vietnamitas até que no século 19 quase deixou de existir.
Então em 1864 chegaram os franceses e colonizando o Camboja conseguiram preservar suas fronteiras.
Em 1953 veio a independencia.

Depois, nos anos 70, como consequencia da guerra do Vietnã, os EUA junto com os vietnamitas do sul, invadiram e bombardearam o Camboja, alegando estarem atrás dos vietcongs (vietnamitas do norte).

A guerra do Vietnã acabou e aqui, no Camboja, começou uma guerra civil até que em 1975 o Khmer Rouge (partido comunista), liderado por Pol Pot apareceu como vitorioso.
Pol Pot, quase desconhecido até então, tornou-se o grande líder e inspirado em Mao Tsé-Tung ordenou um novo regime baseado na agricultura coletiva.
Seria o Ano Zero, tudo recomeçaria, as cidades foram evacuadas e todos mandados para o campo.
As tradições, culturas e religião, deixariam de existir e a partir dalí só se acredita no novo regime, nada mais seria permitido.
Foi considerado o regime mais cruel do século e em sua curta duração de 4 anos, mataram 25 % da população, mais de 2 milhões de pessoas.

Pol Pot, o grandissíssimo Filho da P...., mandou eliminar todos os que pudessem prejudicar suas estratégias.
Então, pessoas de boa educação e formação que pudessem questionar a viabilidade de seu regime foram torturadas e mortas.
Principalmente professores, médicos, advogados e artistas.
Até quem falava uma língua estrangeira, quem tivesse mãos suaves ou simplesmente usasse óculos, eram possíveis inimigos.

Um dos lemas de Pol Pot era : - “Melhor um inocente morto por engano que um inimigo deixado vivo por engano.”

Uma antiga escola secundária aqui em Phnom Penh, que hoje é um museu, naquela época foi chamada de S-21, era onde aconteciam as detenções, interrogatórios, torturas e assassinatos. Só neste local foram 20 mil mortes. Mas praticamente todos que passaram na S-21, acabavam sendo encaminhados aos campos de extermínio.

E nos 300 campos de extermínio é que matavam sem parar.
Esse que visitamos, o Killing Fields, que na verdade se chama Choeung Ek Memorial era um dos principais.

E matavam as mulheres, crianças e bebes porque também tinham como lema que : - “Uma erva daninha tem que ser arrancada pela raiz.” Se deixassem vivos os bebes, no futuro talvez quizessem vingar a morte de seus pais.

Até que em 1978 o Vietnã invadiu o Camboja e tomou o poder do Khmer Rouge, que ainda manteve guerrilhas por muito tempo.

Em 1991 a UN (União das Nações) conseguiu um acordo de paz e em 1993 o rei voltou ao poder.

Somente em 1998 finalmente acabou o Khmer Rouge e uma corte foi criada para punir os culpados.
Os julgamentos só começaram em 2007 e só dois ou tres foram condenados.
Tarde demais, Pol Pot morreu em 1998 tendo aproveitado a vida, livre e junto de sua família.

Outros líderes estão livres até hoje, alguns misturados na sociedade atual e, ACREDITEM, outros no governo atual. No acordo de paz , a UN concordou que alguns líderes do Khmer Rouge iriam fazer parte do novo governo !

E sabem porque não vou dar minha opinião sobre tudo isso ?
Não é porque não tenho nenhuma ! 
Mas porque, já que não posso fazer nada, pelo menos não quero nunca mais falar sobre esse bando de idiotas.

Hoje em dia o Camboja é um dos países mais pobres e tem um dos maiores índices de corrupção do mundo.
Dá para se perceber isso fácil pois com toda essa pobreza voce ve carrões como Porsche, Bentley, Rolls Royce, Hummer, Lexus de todos os tipos, todos os dias nas ruas e em todos os lugares.
Pois é ....

E o povo cambojano coitado depois de tudo isso ?
Até que são legais e se esforçam como podem pra deixar o que passou para trás.

Mais fotos :




Night Market ...



... cheio de barraquinhas de roupas ...



... e de comidas ...



... que voce escolhe e ...



... senta nas esteiras, alí mesmo para comer.



Barbearia na calçada.



Transporte ainda utilizado pelas ruas de Phnom Penh. Na foto os motoristas estão na hora da siesta.



A Cris deve esperar que um dia eu ainda compre um veículo desses, mas ...



... eu vou comprar é este.



Preparando a decoração do palácio para o aniversário de 60 anos do rei.



Mercado Central, um bonito e fotogenico prédio.



Boa pedida.



Nesse post falei pouco de nossa viagem e muito de história, não gosto muito disso, vou tentar melhorar nos próximos.

Próximo post Sihanoukville.

2 comentários:

  1. Está bem legal, continue escrevendo assim. Em minha opinião ésta bem claro, objetivo e elucidativo. Inté, beijo para as meninas. Fui PePê.

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  2. Eu também gostei, tem lugares que vale mais a pena falar da viagem, aí teve tudo a ver falar da história.

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