Em Bagan
pegamos um onibus (US 8/ cada) e em 5 hs chegamos em Mandalay.
Desta vez a
viagem foi tranquila, o onibus era bom e as estradas melhores.
Mandalay é a
segunda maior cidade do Mianmar, bagunçada, poluída e com transito, mas um
tanto melhor que Yangon.
Ficamos no
Royal Guesthouse (US 22/ noite), o hotel é apenas razoável (por esse preço, aqui, até que era bom), mas a localização é boa, bem no centro (downtown),
perto do Mandalay Palace.
Esse palácio
ocupa uma área enorme bem no centro da cidade, mais de 10 quarteirões.
A história
dele é interessante, ele mesmo não.
Explico : - Em 1861 o palácio real ficava
em Amarapura, uma cidade bem próxima daqui (depois falo sobre ela), porém, o
penúltimo rei do Mianmar, Mindon Min, mandou “desmontar” tudo e transferir o
palácio (imaginem o trabalho) para cá, em Mandalay.
Isso porque foi aconselhado
por um astrólogo !
Daí chegaram
os ingleses em 1885, “colonizaram” o Mianmar, acabando com a vida tranquila dos
reis e, tomaram o palácio.
Depois durante a segunda guerra mundial o palácio
acabou queimado e não sobrou nada.
Esse que
existe hoje não é nada autentico, foi reconstruído com concreto e utilizando
trabalho escravo.
Hoje é ocupado pelo exército e até existe uma pequena parte
onde eles aceitam visitação.
Então vamos
entender direito :
- O palácio
que está aqui não tem nada do original ?
- Esse
“moderno” foi construido com trabalho escravo ?
- Quem ocupa
ele hoje em dia é o exército ?
- O mesmo
exército que está “massacrando” o povo ?
Ponto final.
Já dá para entender porque não visitamos.
Então em
Mandalay ficamos somente dois dias, no primeiro fizemos uma boa caminhada a pé
só observando a rotina da cidade.
Mas é cidade grande, não é interessante.
No outro dia
alugamos uma moto (US 10), só tinha freio na roda traseira, o cambio as vezes
emperrava e eu era obrigado a “gentilmente” meter o pé na alavanca para trocar
de marcha e a suspensão estava horrível. Mas segundo a moça que alugou : - Essa
tá boa pode pegar, se quiser, dá uma volta prá testar.
E eu : - Olha lá hem, eu vou meio longe, tenho que pegar um
pouco de estrada, depois parece que tenho que subir uma serra, posso ir
tranquilo ? Não vai quebrar ?
Ela : - Com certeza, acabei de mandar retificar o
motor, tá zero.
E não é que
foi mesmo! Sofreu um pouquinho na serra, na subida eu “esgoelava” ela e na
descida segurava na marcha.
Nas retas não passava de 50 (eu acho, porque o velocimetro não tinha ponteiro).
No fim chegamos são e
salvos.
Fomos
primeiro para Amarapura (lembram onde era o palácio ?) visitar uma famosa ponte
de madeira teca (de novo aquela mesma madeira nobre do mosteiro no Inle Lake,
aquela que quem é da náutica conhece) de 1200 mts de comprimento e, 200 anos de
idade.
É simples, rústica e linda.
Ponte, lá no fundo. |
Sustentada por 1.060 estacas, que são troncos de teca. Começa em frente a um templo e acaba em uma vilazinha. |
Na época da seca, como agora, os nativos aproveitam as margens e ilhas que se formam no lago para plantarem amendoim e arroz. |
E também criam patos. |
Se voce após atravessar para um dos lados estiver cansado para voltar (o calor é forte), tem a opção de voltar de barquinho. |
Depois da
ponte fomos visitar uns mosteiros.
Na verdade é um “bairro” todo de casas
enormes onde moram monges.
Parece com um campus universitário, bem antigo, a
maioria das construções ainda é de madeira.
Tem monge que não acaba mais.
Dentro do "campus de monges". |
São várias ruas com essas moradias. |
Um dado
interessante. O Mianmar, como eu já comentei, é um país com grande maioria
Budista, então é claro que tem muito monge e monja no país todo.
Mas é na região de
Mandalay, incluíndo Amarapura e outras vilas próximas que estão 70 % de todos os
monges do Mianmar.
Depois de
Amarapura fomos à vila de Sagaing, bem próxima, onde subimos uma serra até um
templo onde se tem uma bela vista da região.
Claro que cheia de templos, só ali, por
volta de 500.
E, de novo, cheia de mosteiros.
Eu devo estar enganado,
mas me pareceu que alí o número de monjas pode até ser maioria.
Começo da serrinha de Sagaing. |
E lá de cima, vista de parte das 500 pagodas e do rio. |
Quando fomos
descer a serra, em vez de voltarmos pelo mesmo caminho fomos tentar um
diferente.
De repente um monte de monges e algumas outras pessoas e um barulho
alto, de uma reza ou algo parecido. Paramos pra ver o que era e logo chegou um
e mandou encostar a moto e veio explicar.
Era o “velório” de um monge de 90
anos, muito querido por todos, etc..
Já foi dizendo que se quizessemos participar estávamos convidados e que se quizessemos tirar foto também, sem problemas.
Tá bom,
vamos ficar, mas em velório eu não entro, não gosto (não era bem um velório como os nossos, era
tipo uma reza, sei lá).
Ficamos esperando um pouco, meio afastados, até que
saiu o corpo no carro fúnebre e um monte de picapes com centenas de monges (e
até mais monjas), mais uns outros “civis” de carro e nós dois na motoca.
Fomos
com o cortejo até a beira do rio, demorou mais de meia hora prá descer a serra
e chegamos lá.
Na beira do rio eles fazem outra reza, queimam o corpo e jogam
as cinzas na água.
Alí já juntou mais um monte de curiosos da vila então, centenas de pessoas e só os dois bisbilhoteiros gringos aqui.
Muitos nos olhavam
sem parar mas era com sinal de aprovação, sei lá, parecia que estavam gostando.
Para eles a morte é bem aceita, não é motivo de felicidade claro, mas também
não é de tristeza.
Antes do
fogo começar fomos embora, também, tão “funesto” assim eu não quero ser.
Esperando sair o cortejo. Olha a intrusa aí. |
Já na beira do rio. |
Decidimos
que no dia seguinte iríamos embora de Mandalay para uma cidadezinha pequena
passar uns dois dias só na tranquilidade.
Mas antes de
irmos, resolvemos aproveitar que só iria devolver a moto lá pelas 8:00h e
acordamos às 3:00hs da manhã para irmos no templo mais famoso de Mandalay, o
Mahamuni Paya, dentro da cidade mesmo.
Nesse templo, todo dia às 4 da madruga é uma
tradição os monges lavarem o rosto do Buda mais famoso de todo o Mianmar.
A cerimonia. |
O Buda mais famoso de todo o Mianmar. |
Tá, valeu.
A
Cris queria muito ir.
Mas eu não vou de novo, rsrsrs.
Só mais 3 fotos :
Carregamentos de toras de madeira teca. |
Mais uma da fotogenica ponte de teca de Amarapura. |
As monjinhas. |
Próximo post : - A agradável Pyin U Lwin.
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