quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MANDALAY - MIANMAR


Em Bagan pegamos um onibus (US 8/ cada) e em 5 hs chegamos em Mandalay.
Desta vez a viagem foi tranquila, o onibus era bom e as estradas melhores.

Mandalay é a segunda maior cidade do Mianmar, bagunçada, poluída e com transito, mas um tanto melhor que Yangon.

Ficamos no Royal Guesthouse (US 22/ noite), o hotel é apenas razoável (por esse preço, aqui, até que era bom), mas a localização é boa, bem no centro (downtown), perto do Mandalay Palace.

Esse palácio ocupa uma área enorme bem no centro da cidade, mais de 10 quarteirões.
A história dele é interessante, ele mesmo não.
Explico : - Em 1861 o palácio real ficava em Amarapura, uma cidade bem próxima daqui (depois falo sobre ela), porém, o penúltimo rei do Mianmar, Mindon Min, mandou “desmontar” tudo e transferir o palácio (imaginem o trabalho) para cá, em Mandalay.
Isso porque foi aconselhado por um astrólogo !
Daí chegaram os ingleses em 1885, “colonizaram” o Mianmar, acabando com a vida tranquila dos reis e, tomaram o palácio.
Depois durante a segunda guerra mundial o palácio acabou queimado e não sobrou nada.
Esse que existe hoje não é nada autentico, foi reconstruído com concreto e utilizando trabalho escravo.
Hoje é ocupado pelo exército e até existe uma pequena parte onde eles aceitam visitação.

Então vamos entender direito :
- O palácio que está aqui não tem nada do original ?
- Esse “moderno” foi construido com trabalho escravo ?
- Quem ocupa ele hoje em dia é o exército ?
- O mesmo exército que está “massacrando” o povo ?

Ponto final. Já dá para entender porque não visitamos.

Então em Mandalay ficamos somente dois dias, no primeiro fizemos uma boa caminhada a pé só observando a rotina da cidade.
Mas é cidade grande, não é interessante.

No outro dia alugamos uma moto (US 10), só tinha freio na roda traseira, o cambio as vezes emperrava e eu era obrigado a “gentilmente” meter o pé na alavanca para trocar de marcha e a suspensão estava horrível. Mas segundo a moça que alugou : - Essa tá boa pode pegar, se quiser, dá uma volta prá testar.
E eu : - Olha lá hem, eu vou meio longe, tenho que pegar um pouco de estrada, depois parece que tenho que subir uma serra, posso ir tranquilo ? Não vai quebrar ?
Ela : - Com certeza, acabei de mandar retificar o motor, tá zero.
E não é que foi mesmo! Sofreu um pouquinho na serra, na subida eu “esgoelava” ela e na descida segurava na marcha.
Nas retas não passava de 50 (eu acho, porque o velocimetro não tinha ponteiro).
No fim chegamos são e salvos.

Fomos primeiro para Amarapura (lembram onde era o palácio ?) visitar uma famosa ponte de madeira teca (de novo aquela mesma madeira nobre do mosteiro no Inle Lake, aquela que quem é da náutica conhece) de 1200 mts de comprimento e, 200 anos de idade.
É simples, rústica e linda.




Ponte, lá no fundo.



Sustentada por 1.060 estacas, que são
troncos de teca.
Começa em frente a um templo e acaba em uma vilazinha.



Na época da seca, como agora, os nativos
aproveitam as margens e ilhas que se formam
no lago para plantarem amendoim e arroz.



E também criam patos.



Se voce após atravessar para um dos
lados estiver cansado para voltar (o calor é forte),
tem a opção de voltar de barquinho.


Depois da ponte fomos visitar uns mosteiros.
Na verdade é um “bairro” todo de casas enormes onde moram monges.
Parece com um campus universitário, bem antigo, a maioria das construções ainda é de madeira.
Tem monge que não acaba mais.




Dentro do "campus de monges".



São várias ruas com essas moradias.


Um dado interessante. O Mianmar, como eu já comentei, é um país com grande maioria Budista, então é claro que tem muito monge e monja no país todo.
Mas é na região de Mandalay, incluíndo Amarapura e outras vilas próximas que estão 70 % de todos os monges do Mianmar.

Depois de Amarapura fomos à vila de Sagaing, bem próxima, onde subimos uma serra até um templo onde se tem uma bela vista da região.
Claro que cheia de templos, só ali, por volta de 500.
E, de novo, cheia de mosteiros.
Eu devo estar enganado, mas me pareceu que alí o número de monjas pode até ser maioria.




Começo da serrinha de Sagaing.



E lá de cima, vista de parte das 500 pagodas e do rio.


Quando fomos descer a serra, em vez de voltarmos pelo mesmo caminho fomos tentar um diferente.
De repente um monte de monges e algumas outras pessoas e um barulho alto, de uma reza ou algo parecido. Paramos pra ver o que era e logo chegou um e mandou encostar a moto e veio explicar.
Era o “velório” de um monge de 90 anos, muito querido por todos, etc.. 
Já foi dizendo que se quizessemos participar estávamos convidados e que se quizessemos tirar foto também, sem problemas.

Tá bom, vamos ficar, mas em velório eu não entro, não gosto (não era bem um velório como os nossos, era tipo uma reza, sei lá).
Ficamos esperando um pouco, meio afastados, até que saiu o corpo no carro fúnebre e um monte de picapes com centenas de monges (e até mais monjas), mais uns outros “civis” de carro e nós dois na motoca.

Fomos com o cortejo até a beira do rio, demorou mais de meia hora prá descer a serra e chegamos lá.
Na beira do rio eles fazem outra reza, queimam o corpo e jogam as cinzas na água.
Alí já juntou mais um monte de curiosos da vila então, centenas de pessoas e só os dois bisbilhoteiros gringos aqui.

Muitos nos olhavam sem parar mas era com sinal de aprovação, sei lá, parecia que estavam gostando.
Para eles a morte é bem aceita, não é motivo de felicidade claro, mas também não é de tristeza.

Antes do fogo começar fomos embora, também, tão “funesto” assim eu não quero ser.




Esperando sair o cortejo.
Olha a intrusa aí.



Já na beira do rio.


Decidimos que no dia seguinte iríamos embora de Mandalay para uma cidadezinha pequena passar uns dois dias só na tranquilidade.

Mas antes de irmos, resolvemos aproveitar que só iria devolver a moto lá pelas 8:00h e acordamos às 3:00hs da manhã para irmos no templo mais famoso de Mandalay, o Mahamuni Paya, dentro da cidade mesmo.
Nesse templo, todo dia às 4 da madruga é uma tradição os monges lavarem o rosto do Buda mais famoso de todo o Mianmar.




A cerimonia.



O Buda mais famoso de todo o Mianmar.


Tá, valeu.
A Cris queria muito ir.
Mas eu não vou de novo, rsrsrs.

Só mais 3 fotos :





Carregamentos de toras de madeira teca.



Mais uma da fotogenica ponte de teca de Amarapura.



As monjinhas.


Próximo post : - A agradável Pyin U Lwin.

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