Saímos de Langkawi na Malásia com um
voo até Kuala Lumpur e em seguida outro até aqui em Yangon (US 260,tudo).
Ficamos no Wealth Inns U Chit Mg
Hotel, US 37/ noite. O hotel é médio, foi reformado recentemente mas não vale
isso, é caro, mas aqui os preços são assim, achamos até uns outros por uns 25 a
30 dolares, mas todos sem vagas. Há poucos anos as hospedagens aqui eram
baratíssimas, mas isso está mudando.
A cidade de Yangon é a maior do Mianmar, bem caótica, muito transito e
uma pobreza impressionante, acredito que só não é pior que na Índia. O calor
durante o dia é sufocante (detalhe, estamos na estação mais fresca) é bem
difícil de se andar a pé, as calçadas são péssimas, tem esgoto a céu aberto pra
todo lado, lixo (e gente remexendo) em muitos lugares, barraquinhas de comida
imundas pra todo lado.
E nós todo dia saímos andando por aqui, andamos
quilometros, todo dia. Sim, com certeza não é pra qualquer um. Mas não sei
porque consigo gostar de estar aqui, é claro que nunca moraria aqui, mas até
gosto de passar uns dias. Sei lá se não vou dar mais valor ao que tenho e só
isso já faz valer a pena ter estado aqui. Ou talvez não. Talvez eu seja meio
“masoquista”. Mas gosto e me sinto super seguro, se precisar ando de madrugada
nos piores becos daqui e se for incomodado por alguém, seria só por algum
bebado coitado.
Já passeamos por todo o centro
histórico, fomos aos dois lagos principais e duas vezes na Shwedagon Paya, um
complexo de templos budistas (90% dos birmaneses são budistas) que é o segundo
mais bonito que já conheci (o primeiro é o Grande Palacio em Bangkok).
Um dos Templos, a noite. |
Tem muitos, cada um com Budas de diferentes importancias. |
Esses eram cheio de detalhes, se voce quiser ver minúcias tem que passar algumas semanas por aqui. |
De dia. |
É ainda mais bonito. |
Se comunicar aqui não é nem um pouco
fácil, quando falam ingles, é muito pouco, a comunicação fica mesmo nas
mímicas, até com os motoristas de taxi e no hotel. Claro que nos hotéis de luxo
devem falar perfeitamente. Um dia desses fui procurar um ATM pra sacar dinheiro
e quando achei (existem poucos) não estava dando certo, então entrei no banco
ao lado pra ver porque meu cartão não funcionava, etc. Saí sem saber de nada,
ninguém no banco falava ingles. Agora é interessante pois quando entrei, já
vieram super rápido uns 5 funcionários verem o que eu queria, eles são super
servis, todos atenciosos, um exagero até. Fazem “reverencias” pra tudo.
Dá pra entender essa placa de carro ? |
A escrita aqui é assim e olha que em muitos lugares só tem informações na língua deles. |
O texto abaixo e outras informações eu retirei de um blog que li pouco antes de vir pra cá, segundo o blog esse texto foi retirado do “Guia Azul” e explica bem o que se encontra numa viagem pelo Mianmar, eu não conseguiria descrever com tal clareza então copiei :
"Myanmar, nome recuperado da
antiga Birmânia em 1989, é um dos últimos recantos do globo a abrir-se aos
viajantes e hoje em dia conserva boa parte do fascínio e autenticidade que
sempre ocorrem nestas circunstâncias. Cinco décadas de isolamento, cortesia de
um dos regimes militares mais fechados do mundo, Myanmar é, aos olhos de um
viajante, um país cujo maior tesouro – apesar de milhares de pagodas medievais,
grandes rios, lagos belíssimos e verdes montanhas – encontra-se sem duvida alguma
no seu povo. A ausência de contato com todos os demónios que acompanham
inevitavelmente o turismo massivo dos dias atuais, e a persistência de uma
cultura elevada, generosa e pura, resultou num povo educado, honrado e em
muitos casos dotado de uma comovedora inocência. Pouco a pouco, umas poucas
zonas do país já se vão acostumando ao turismo, mas ainda assim os visitantes
encontrarão uma nação a anos luz, por exemplo da sua vizinha Tailândia. O mais
impressionante nas pessoas de Myanmar é a sua enorme dignidade, qualidade que
numa dimensão geral não é fácil de encontrar nas sociedades ocidentais. Pobres
e menos pobres, é difícil ver algum birmanês com algum mau gesto ou má
expressão (quase todos sorriem quando cruzam os olhos conosco), uma má postura (ainda
que esteja a vender fruta de cócoras), ou um olhar de lado, chateado ou rancor
- apesar de que desgraçadamente neste país, para a maior parte da população
tais sentimentos estariam mais que justificados. Uma das formas mais elevadas
de budismo também contribuíram para formar um povo pacífico (exceto os seus
governos militares) sereno e bondoso. Uma viagem pelo Myanmar passa
necessariamente pelas pagodas centenárias de Bagan, a calmaria das águas de Inle
Lake, os animados bazares noturnos de Yangon e os monumentais arredores de
Mandalay; no entanto, o que se recorda com mais intensidade depois da viagem
será o sorriso que dedicou a alguma anciã, o olhar inocente de uma criança, o
conselho budista de um camponês para alcançar a paz de um sonho, ou as inocentes
perguntas sobre a origem do viajante num inglês quase imperceptível. No
Myanmar, hoje em dia não há problema em ser um viajante individual (nas zonas
abertas ao turismo, entenda-se), mas a dose de aventuras e a frequente sensação
de andar perdido num mundo estranho é garantido: trens lentos, incómodos e
lotados, antigos onibus que realizam intermináveis e desconfortáveis trajetos
por estradas cheias de buracos, táxis decrepitados, onibus degradados, carroças
de cavalos… a dificuldade no transporte para quem não optar por avião (ainda
que, diga-se de passagem, tem as suas peculiaridades, onde operam companhias de
aviação com escandalosos índices de acidentes) faz parte do atrativo num país
onde fazer uma viagem de 200km pode se tornar facilmente numa aventura de 8h.
Os hóteis baratos, são, fora dos principais centros turísticos sinistros e
tremendamente básicos, as tendas de comida locais apenas podem oferecer uma
chaleira de chá, um prato de arroz branco com uma peça de frango, uma sopa de
peixe e noodles; os serviços turísticos são mínimos ou quase inexistentes fora
de algumas populações; a grande maioria da população só entende e fala três ou
quatro frases básicas em inglês no melhor dos casos, pelo que a comunicação
terá de se limitar quase sempre a sorrisos e gestos. Apesar disso, todas estas
circunstâncias convertem a visita a este país numa viagem fascinante,
desconcertante, diferente e inesquecível."
Na minha opinião o texto retrata bem
o que estamos conhecendo por aqui, mas exagera quando fala sobre as belezas
naturais que, são bonitas sim, mas não tão maravilhosas e, sobre as pessoas,
retrata a maioria delas, mas claro que tem muita gente que não é tão simpatica
e tão receptiva assim.
Nosso guia o “Lonely Planet” fala
sobre várias coisas do texto acima e acrescenta muitas outras, vou resumir
algumas, pois dificilmente alguém que está lendo esse blog sabe algo sobre o
Mianmar. E tem bastante coisa interessante.
Nele diz que todos, antes de virem
pra cá deveriam se perguntar : -Eu devo ir ?
Pois o país é regido por um regime
militar opressivo e, alguns refugiados e também alguns grupos de direitos
humanos pedem para que estrangeiros não venham ao Mianmar pois acreditam que o
turismo de uma certa forma legitima o governo e de tudo que o turista gasta 12%
fica pro governo que gasta como lhe convém, normalmente enriquecendo militares
e empobrecendo ainda mais o povo. Já outras pessoas acham que o turista de uma
certa forma ajuda pois assim o governo precisa melhorar a infra-estrutura
turística e assim tem mais emprego pro povo...
Tudo bem, cada um decide se deve vir
ou não, mas dá pra se evitar de gastar muito com aquilo que mais dá dinheiro
pro governo, que é “dono” de vários hotéis, agencias de viagem, companhia
aérea, etc.. Dá pra tentar fugir dessas e gastar nosso dinheiro diretamente com
o povo. Não é fácil, mas tentamos.
E também como não vir se, ainda no
nosso guia, depois de relatar várias coisas sobre esse país, está escrito assim
:
- Os birmaneses são simplesmente o
povo mais “doce” do mundo !
Eu e a Cris decidimos vir, e se vamos
sofrer as consequencias dessa decisão (se tiver sido errada), estamos prontos !
Outras curiosidades daqui:
- As decisões políticas são feitas
recorrendo-se a astrólogos !!
- Os carros, circulam pelo lado
direito das ruas (como os nossos), mas o volante tá do lado direito (como os
ingleses), e sabem porque ? Os astrólogos de novo !!
- Quando fomos tirar o visto (que
contrariando o que eu tinha lido, foi muito fácil), quando voce preenche os
papéis de pedido onde tem as opções pra dizer porque voce vem visitar, além das
comuns como turismo, trabalho, etc, tem a opção de “meditação”. Também quando
vai preencher a profissão, ouvi dizer que se voce é advogado ou jornalista,
corre o risco de ter o visto negado(é só preencher outra coisa qualquer,
ninguém vai conferir).
- Os homens andam com uma saia,
chama-se longyi (quase todos andam assim). Mascam umas folhas com sementes e um
pó no interior, que faz com que os dentes fiquem vermelhos parecendo que estão
sangrando. Pra piorar, costumam cuspir isso na rua e pra todo lado que se olhe
tem manchas vermelhas, bem nojentas.
Essas são as sementes que eles mascam, agora as cuspidas no chão não vou mostrar. |
Casa onde está Aung San Suu Kyi, bem que eu gostaria de conhecer essa mulher. Mas tenta chegar perto... |
Pelo tanto que estou escrevendo sobre
o Mianmar parece que estamos aqui há meses, mas tudo isso e só faz 5 dias que
chegamos.
Mais umas fotos :
Mais umas fotos :
Quase não existem semáforos, nos cruzamentos maiores tem é guardas de transito. Mas vai aguentar esse calor, os motoristas que se entendam pois os guardas foram se abrigar na sombra, rsrsr. |
Quase todas as mulheres usam guarda-chuva, aliás, guarda-sol. |
As crianças e as mulheres passam uma pasta no rosto pra se protegerem do sol. |
Essas também um chapéu. |
A mãe devia estar com preguiça quando passou nessa. |
Moradias de uma das principais avenidas do centro de Yangon. |
Ponte de madeira teca, quem é da "náutica" conhece, é uma das mais nobres. |
Tenda de comidas. |
Vai um grilo frito aí ? |
Bicicleta diferente, com um "side-car". |
Monges tem muito, mas Monjas poucas e, normalmente vestem rosa e raspam o cabelo. |
Esse é o mesmo tipo de árvore onde no passado, há mais de 2500 anos Buda atingiu a Iluminação. Eu queria só um raiozinho de luz qualquer, mas não consigo. |
Lago repleto de Flores de Lótus. Nessa foto a Cris usou um efeito, preto e branco com rosa só nas pétalas. |
Réplica do barco da antiga Família Real da Birmania. |
É gigantesco. |
As "falsas celebridades". |
Estou adorando, cada vez mais detalhado, acho que vai dar um belo livro. Saudades dos dois.
ResponderExcluirValeu Cassi. Se tudo for dando certo como até agora, ainda terei muita coisa pra contar e quando voltarmos damos um jeito de nos encontrarmos e colocamos o papo em dia. Abração para os 4 !
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