sexta-feira, 8 de novembro de 2013

YANGON - MIANMAR

Saímos de Langkawi na Malásia com um voo até Kuala Lumpur e em seguida outro até aqui em Yangon (US 260,tudo).
Ficamos no Wealth Inns U Chit Mg Hotel, US 37/ noite. O hotel é médio, foi reformado recentemente mas não vale isso, é caro, mas aqui os preços são assim, achamos até uns outros por uns 25 a 30 dolares, mas todos sem vagas. Há poucos anos as hospedagens aqui eram baratíssimas, mas isso está mudando.
A cidade de Yangon é a maior do Mianmar, bem caótica, muito transito e uma pobreza impressionante, acredito que só não é pior que na Índia. O calor durante o dia é sufocante (detalhe, estamos na estação mais fresca) é bem difícil de se andar a pé, as calçadas são péssimas, tem esgoto a céu aberto pra todo lado, lixo (e gente remexendo) em muitos lugares, barraquinhas de comida imundas pra todo lado.
E nós todo dia saímos andando por aqui, andamos quilometros, todo dia. Sim, com certeza não é pra qualquer um. Mas não sei porque consigo gostar de estar aqui, é claro que nunca moraria aqui, mas até gosto de passar uns dias. Sei lá se não vou dar mais valor ao que tenho e só isso já faz valer a pena ter estado aqui. Ou talvez não. Talvez eu seja meio “masoquista”. Mas gosto e me sinto super seguro, se precisar ando de madrugada nos piores becos daqui e se for incomodado por alguém, seria só por algum bebado coitado.
Já passeamos por todo o centro histórico, fomos aos dois lagos principais e duas vezes na Shwedagon Paya, um complexo de templos budistas (90% dos birmaneses são budistas) que é o segundo mais bonito que já conheci (o primeiro é o Grande Palacio em Bangkok).



Um dos Templos, a noite.



Tem muitos, cada um com Budas de diferentes importancias.



Esses eram cheio de detalhes, se voce quiser ver minúcias
tem que passar algumas semanas por aqui.



De dia.



É ainda mais bonito.


Existem outros passeios turísticos por aqui, mas nada que valha a pena.
Se comunicar aqui não é nem um pouco fácil, quando falam ingles, é muito pouco, a comunicação fica mesmo nas mímicas, até com os motoristas de taxi e no hotel. Claro que nos hotéis de luxo devem falar perfeitamente. Um dia desses fui procurar um ATM pra sacar dinheiro e quando achei (existem poucos) não estava dando certo, então entrei no banco ao lado pra ver porque meu cartão não funcionava, etc. Saí sem saber de nada, ninguém no banco falava ingles. Agora é interessante pois quando entrei, já vieram super rápido uns 5 funcionários verem o que eu queria, eles são super servis, todos atenciosos, um exagero até. Fazem “reverencias” pra tudo.



Dá pra entender essa placa de carro ?


A escrita aqui é assim e olha que em
muitos lugares só tem informações na língua deles.


Nós parecemos umas celebridades, todo mundo em todo lugar fica olhando pra gente, não é constrangedor como pode parecer, é legal até. Os garçons fazem de tudo prá nos servirem, sei lá, acho que só pra poderem ouvir o que vamos falar, porque entender...


O texto abaixo e outras informações eu retirei de um blog que li pouco antes de vir pra cá, segundo o blog esse texto foi retirado do “Guia Azul” e explica bem o que se encontra numa viagem pelo Mianmar, eu não conseguiria descrever com tal clareza então copiei :
"Myanmar, nome recuperado da antiga Birmânia em 1989, é um dos últimos recantos do globo a abrir-se aos viajantes e hoje em dia conserva boa parte do fascínio e autenticidade que sempre ocorrem nestas circunstâncias. Cinco décadas de isolamento, cortesia de um dos regimes militares mais fechados do mundo, Myanmar é, aos olhos de um viajante, um país cujo maior tesouro – apesar de milhares de pagodas medievais, grandes rios, lagos belíssimos e verdes montanhas – encontra-se sem duvida alguma no seu povo. A ausência de contato com todos os demónios que acompanham inevitavelmente o turismo massivo dos dias atuais, e a persistência de uma cultura elevada, generosa e pura, resultou num povo educado, honrado e em muitos casos dotado de uma comovedora inocência. Pouco a pouco, umas poucas zonas do país já se vão acostumando ao turismo, mas ainda assim os visitantes encontrarão uma nação a anos luz, por exemplo da sua vizinha Tailândia. O mais impressionante nas pessoas de Myanmar é a sua enorme dignidade, qualidade que numa dimensão geral não é fácil de encontrar nas sociedades ocidentais. Pobres e menos pobres, é difícil ver algum birmanês com algum mau gesto ou má expressão (quase todos sorriem quando cruzam os olhos conosco), uma má postura (ainda que esteja a vender fruta de cócoras), ou um olhar de lado, chateado ou rancor - apesar de que desgraçadamente neste país, para a maior parte da população tais sentimentos estariam mais que justificados. Uma das formas mais elevadas de budismo também contribuíram para formar um povo pacífico (exceto os seus governos militares) sereno e bondoso. Uma viagem pelo Myanmar passa necessariamente pelas pagodas centenárias de Bagan, a calmaria das águas de Inle Lake, os animados bazares noturnos de Yangon e os monumentais arredores de Mandalay; no entanto, o que se recorda com mais intensidade depois da viagem será o sorriso que dedicou a alguma anciã, o olhar inocente de uma criança, o conselho budista de um camponês para alcançar a paz de um sonho, ou as inocentes perguntas sobre a origem do viajante num inglês quase imperceptível. No Myanmar, hoje em dia não há problema em ser um viajante individual (nas zonas abertas ao turismo, entenda-se), mas a dose de aventuras e a frequente sensação de andar perdido num mundo estranho é garantido: trens lentos, incómodos e lotados, antigos onibus que realizam intermináveis e desconfortáveis trajetos por estradas cheias de buracos, táxis decrepitados, onibus degradados, carroças de cavalos… a dificuldade no transporte para quem não optar por avião (ainda que, diga-se de passagem, tem as suas peculiaridades, onde operam companhias de aviação com escandalosos índices de acidentes) faz parte do atrativo num país onde fazer uma viagem de 200km pode se tornar facilmente numa aventura de 8h. Os hóteis baratos, são, fora dos principais centros turísticos sinistros e tremendamente básicos, as tendas de comida locais apenas podem oferecer uma chaleira de chá, um prato de arroz branco com uma peça de frango, uma sopa de peixe e noodles; os serviços turísticos são mínimos ou quase inexistentes fora de algumas populações; a grande maioria da população só entende e fala três ou quatro frases básicas em inglês no melhor dos casos, pelo que a comunicação terá de se limitar quase sempre a sorrisos e gestos. Apesar disso, todas estas circunstâncias convertem a visita a este país numa viagem fascinante, desconcertante, diferente e inesquecível."
Na minha opinião o texto retrata bem o que estamos conhecendo por aqui, mas exagera quando fala sobre as belezas naturais que, são bonitas sim, mas não tão maravilhosas e, sobre as pessoas, retrata a maioria delas, mas claro que tem muita gente que não é tão simpatica e tão receptiva assim.
Nosso guia o “Lonely Planet” fala sobre várias coisas do texto acima e acrescenta muitas outras, vou resumir algumas, pois dificilmente alguém que está lendo esse blog sabe algo sobre o Mianmar. E tem bastante coisa interessante.
Nele diz que todos, antes de virem pra cá deveriam se perguntar : -Eu devo ir ?
Pois o país é regido por um regime militar opressivo e, alguns refugiados e também alguns grupos de direitos humanos pedem para que estrangeiros não venham ao Mianmar pois acreditam que o turismo de uma certa forma legitima o governo e de tudo que o turista gasta 12% fica pro governo que gasta como lhe convém, normalmente enriquecendo militares e empobrecendo ainda mais o povo. Já outras pessoas acham que o turista de uma certa forma ajuda pois assim o governo precisa melhorar a infra-estrutura turística e assim tem mais emprego pro povo...
Tudo bem, cada um decide se deve vir ou não, mas dá pra se evitar de gastar muito com aquilo que mais dá dinheiro pro governo, que é “dono” de vários hotéis, agencias de viagem, companhia aérea, etc.. Dá pra tentar fugir dessas e gastar nosso dinheiro diretamente com o povo. Não é fácil, mas tentamos.
E também como não vir se, ainda no nosso guia, depois de relatar várias coisas sobre esse país, está escrito assim :
- Os birmaneses são simplesmente o povo mais “doce” do mundo !
Eu e a Cris decidimos vir, e se vamos sofrer as consequencias dessa decisão (se tiver sido errada), estamos prontos !
Outras curiosidades daqui:
- As decisões políticas são feitas recorrendo-se a astrólogos !!
- Os carros, circulam pelo lado direito das ruas (como os nossos), mas o volante tá do lado direito (como os ingleses), e sabem porque ? Os astrólogos de novo !!
- Quando fomos tirar o visto (que contrariando o que eu tinha lido, foi muito fácil), quando voce preenche os papéis de pedido onde tem as opções pra dizer porque voce vem visitar, além das comuns como turismo, trabalho, etc, tem a opção de “meditação”. Também quando vai preencher a profissão, ouvi dizer que se voce é advogado ou jornalista, corre o risco de ter o visto negado(é só preencher outra coisa qualquer, ninguém vai conferir).
- Os homens andam com uma saia, chama-se longyi (quase todos andam assim). Mascam umas folhas com sementes e um pó no interior, que faz com que os dentes fiquem vermelhos parecendo que estão sangrando. Pra piorar, costumam cuspir isso na rua e pra todo lado que se olhe tem manchas vermelhas, bem nojentas.



Essas são as sementes que eles mascam,
agora as cuspidas no chão não vou mostrar.


- Um dia num templo conseguimos trocar umas palavras com um cara e perguntamos sobre o governo, pareceu que ele não queria falar muito sobre isso, mas foi bem claro em dizer que não aprova e espera que a democracia chegue logo. É bem claro o “estrago” que esse governo militar está fazendo aqui. Mas existe a esperança de a filha de um ex-presidente (assassinado) um dia governar o país. Ela é Aung San Suu Kyi, ganhadora de um Premio Nobel da Paz e está presa em prisão domiciliar, sua história é bem interessante, eu acho que todo mundo deveria saber um pouco sobre essa mulher (procurem na internet), vale a pena!



Casa onde está Aung San Suu Kyi, bem que eu
gostaria de conhecer essa mulher. Mas tenta chegar perto...


A internet aqui, quando existe é bem ruim. E poucas pessoas tem telefone celular, parece mesmo que estamos com vários anos de atraso em relação ao resto do mundo.
Pelo tanto que estou escrevendo sobre o Mianmar parece que estamos aqui há meses, mas tudo isso e só faz 5 dias que chegamos.

Mais umas fotos :








Quase não existem semáforos, nos cruzamentos
maiores tem é guardas de transito.
Mas vai aguentar esse calor, os motoristas que se
entendam pois os guardas foram se abrigar na sombra, rsrsr.



Quase todas as mulheres usam guarda-chuva,
aliás, guarda-sol.


As crianças e as mulheres passam uma
pasta no rosto pra se protegerem do sol.



Essas também um chapéu.



A mãe devia estar com preguiça
quando passou nessa.


Moradias de uma das principais
avenidas do centro de Yangon.



Ponte de madeira teca, quem é da "náutica"
conhece, é uma das mais nobres.


Tenda de comidas.



Vai um grilo frito aí ?



Bicicleta diferente, com um "side-car".


Nosso hotel é esse amarelo, mas reparem na foto
aqueles geradores. Todo estabelecimento maior tem
seu próprio gerador de energia pois quase toda noite
por volta de umas 20:00 hs acaba a luz e demora pra
voltar (quando volta).
Então de noite na rua, só tem as luzes dos carros
e uma barulheira de geradores !



Monges tem muito, mas Monjas poucas e,
normalmente vestem rosa e raspam o cabelo.



Esse é o mesmo tipo de árvore onde no passado,
há mais de 2500 anos Buda atingiu a Iluminação.
Eu queria só um raiozinho de luz qualquer, mas não consigo.


Lago repleto de Flores de Lótus.
Nessa foto a Cris usou um efeito,
preto e branco com rosa só nas pétalas.



Réplica do barco da antiga Família Real da Birmania.



É gigantesco.



As "falsas celebridades".


Vamos seguir viagem, Yangon é só uma das entradas pro Mianmar, daqui vamos pra Inle Lake, um lago bem longe, vamos ver o que encontraremos...

2 comentários:

  1. Estou adorando, cada vez mais detalhado, acho que vai dar um belo livro. Saudades dos dois.

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    1. Valeu Cassi. Se tudo for dando certo como até agora, ainda terei muita coisa pra contar e quando voltarmos damos um jeito de nos encontrarmos e colocamos o papo em dia. Abração para os 4 !

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